quarta-feira, 5 de setembro de 2007

TRIBUTO

Pinheiro de Ázere lê-se na placa.

Pinheiro Dázere é a forma como se pronuncia

Pinheiro D’Ázere é a forma correcta de escrita, por nobre!

A Sociedade Filarmónica LEALDADE Pinheirense festejou o centenário em 2003. Domingo foi apresentado o primeiro volume de mais algumas obras a publicar que retratam a sua longa vida, da autoria do Engenheiro Victor Fernandes Viegas e Costa.
Recordar é viver? Claro que é!
Só não tem saudades quem não viveu!
Ponto final parágrafo!
Quem não concordar que se lixe!
Apesar de ter vivido e convivido pouco com o meu tio António Viegas e Costa, ficou-me a memória de um homem de enormes qualidades humanas.
Nunca conheci o meu Avô Paterno João Fernandes que, até ao seu falecimento em 1932, foi o Maestro da Filarmónica. Por isso me vesti todo de negro; por ele, mas também pelo meu Pai. Este, que aos vinte anos, com a irmã mais velha Eugénia Fernandes, esposa de António Viegas e Costa, por falecimento do meu Avô assumiram a educação de mais cinco irmãos.
Não posso, não quero, nem deixo de recordar também o meu primo, já falecido, Dr. João António Fernandes Viegas e Costa.
A festa do lançamento do livro foi também um tributo a estes três homens.
LEALDADE. Esta palavra está em todas as associações que, ao assumirem a responsabilidade de desenvolvimento das suas “pequenas sociedades”, tinham como objectivo único o “bem servir e o servir bem”!
Quantos homens teriam sido nessa altura agraciados com o título de comendador! Outros tempos, outros tempos…
Em tempos que já lá vão, outros tempos também, tive oportunidade de treinar uma equipa de basquetebol em Viseu.
Como companheiros de viagem tinha alguns bons atletas que me seguiram com dedicação, no tempo em que se passava, como nós dizíamos, “por tudo o que é sítio”!
Não havia ida e volta que eu não citasse Pinheiro D’Ázere. Até que um dia eu os ”levei a entrar por aquela terra adentro”! Também a sentiram diferente.
Apesar de ter nascido em Coimbra, muito do que eu sou, devo-o a quem nasceu em Pinheiro D’Ázere e em Viseu.
Esquecer as nossas raízes, é esquecer a nossa história.
Respeitemo-la! Ela merece!
O orador principal, Engenheiro Manuel Dias Ferreira - longe de ser eloquente não deixou de ser brilhante - fez uma intervenção com citações determinantes “do ser português”.
O poema “Procissão Festa na Aldeia”, escrito por António Lopes Ribeiro e “dito” magistralmente por João Villaret – quem não se lembra dos programas de televisão – foi ouvido no mais profundo silêncio e recolhimento.



Tocam os sinos da torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.

Mesmo na frente, marchando a compasso,
De fardas novas, vem o solidó.
Quando o regente lhe acena com o braço,
Logo o trombone faz popó, popó.

Olha os bombeiros, tão bem alinhados!
Que se houver fogo vai tudo num fole.
Trazem ao ombro brilhantes machados,
E os capacetes rebrilham ao sol.

Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.

Olha os irmãos da nossa confraria!
Muito solenes nas opas vermelhas!
Ninguém supôs que nesta aldeia havia
Tantos bigodes e tais sobrancelhas!

Ai, que bonitos que vão os anjinhos!
Com que cuidado os vestiram em casa!
Um deles leva a coroa de espinhos.
E o mais pequeno perdeu uma asa!

Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.

Pelas janelas, as mães e as filhas,
As colchas ricas, formando troféu.
E os lindos rostos, por trás das mantilhas,
Parecem anjos que vieram do Céu!

Com o calor, o Prior aflito.
E o povo ajoelha ao passar o andor.
Não há na aldeia nada mais bonito
Que estes passeios de Nosso Senhor!

Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Já passou a procissão

Não há Procissão que não tenha banda; mas também não há banda que não afine, muito melhor, para a Procissão.