sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Diferenças

Dei por mim a rir-me sozinho!
Quem não se ri sozinho?
Os malucos, dizem, riem-se sozinhos!
Que bom, dizem os malucos; estamos curados!
Os perigosos são os que dizem, “eu sou normal”. Como se houvesse alguma definição do “ser” normal!
Voltemos então ao, “Dei por mim a rir-me sozinho”.

Tenho uma foto do primeiro comício que o Partido Socialista realizou em Coimbra.
Guardo-a como a relíquia mais valiosa.
A presidir estava o Dr. Fernando Vale, referência ética e moral da nossa sociedade – leia-se nossa como de todo o País.
Miguel Torga, em pé, fazia uma intervenção ao seu nível.
Eloquente!
Na mesa, entre outros, estavam os Drs António Arnaut, Montezuma de Carvalho, Mário Soares e os Professores, Paulo Quintela e Alfredo Fernandes Martins.
Com este último percorri os trilhos mais sinuosos, passei as noites mais incríveis e as manhãs mais atribuladas.
Logo pela alvorada, com uma directa no lombo depois de uma vigia de longas horas num aeródromo em algures - porque havia a informação que a “reacção” iria atacar por aí - e uma viagem de moto, aterrávamos invariavelmente no “Piolho” junto às escadas do liceu.
Era o tempo, aquele tempo em que, calculismo, era palavra que não cabia no nosso léxico. Era o coração a mandar, a forma de pensar e agir em defesa de valores, de princípios; a defesa de uma nova sociedade que estaria a nascer.
Mas não nasceu.
Por isso essa fotografia anda sempre comigo. Porque não me quero esquecer…não me esquecerei!